A arte de ser invisível
Ninguém te vê
Na multidão.
É como estar só.
Sem ter pra quê
Na solidão
De quem está sólido.
Ninguém é descampado á céu aberto.
Nem tão ao longe.
Nem tão de perto.
Navalha cega de mim.
?
Na ampulheta do seu pensamento
O tempo escorre um pouco a cada dia
E a máquina tritura todo sentimento
Na fila única da loteria
?
Sem vértebra dobrar,
Sem ar pra respirar,
Sem nem sequer pisar no chão.
?
Centro de si.
Ninguém é um.
Ninguém é vão.
Ninguém é casarão vazio.
Ninguém é mar,
Talvez um rio
Que não parece ter fim.
?
Nas avenidas feitas de cimento,
Na calha torta onde a vida escorre,
No exato instante do seu nascimento
Que é igual a hora em que se morre.
Se o tempo que faltar bem nessa hora
For mesmo aquele do engarrafamento,
De que adianta a vida que há lá fora
Se há tantas grades nesse apartamento?
Voz, violão de aço e guitarras: Juliano Holanda
Baixo: Areia
Bateria e percussão: Tom Rocha
1. A Arte De Ser Invisivel
Juliano Holanda
Em seu lugar (Cada coisa)
No lugar das horas ponho o céu pra clarear
No lugar dos sonhos, ponho a viração,
vento qualquer que só quer me levar
Mundo afora.
No lugar do céu o mar,
No lugar da sala, solta amplidão.
Livre pra ser o que quiser e puder.
?
Sei que é preciso mergulhar
Fundo na imensidão de mim
Pra descobrir onde eu me perdi,
Cada coisa tem seu lugar.
?
Carne do tempo exposto em moldura.
Fruta madura, sombra lilás,
Nuvem no olhos, caixa de vento
Onde o silêncio vai se esconder.
Lâmina d´água, seu corte lento
Divide as mágoas e os cristais.
Chave que abre e que fecha o tempo
Todo segredo se desfaz.
?
No lugar dos olhos ponho o véu pra revelar.
No lugar da espera, ponho exclamação,
Ponto final pra dizer muito mais dessa história.
No lugar da solidão ponho a casa cheia
Logo de manhã.
O talho do sol não me deixa dormir.
Voz e guitarras: Juliano Holanda
Voz: Isadora Melo
Teclado: Zé Manoel
Baixo: Areia
Bateria e percussão: Tom Rocha
2. Cada Coisa
Zé Manoel / Juliano Holanda
