Pra Saber Ser Nuvem de Cimento Quando o Céu For de Concreto

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Um passo

Um passo depois o outro.
Um dia de cada vez.
Respiro o vento novo
E sopro de volta.
Pra dentro do pulmão,
O ar se renova.
Do sopro pro furacão.
Da boca pra fora.

 

Voz e guitarras: Juliano Holanda
Baixo: Areia
Bateria e percussão: Tom Rocha

Letra

1. Um Passo
Juliano Holanda  

Plano sequência

Pra te ferir: flexas e facas e mais.
Pra te dizer: velha cidade, sem cais.
Pra te levar: só carruagem de sal
Depois do ponto final.

 

Pra te seguir: pernas e pé-ante-pé.
Pra te dizer: tudo que é e não é.
Pra te vender: feiras, reais e leilões.
Pra te comprar: ilusões.

 

E te perder nas ruas sem constelação,
Onde te achar nuvem: alma lavada no mar…

 

Vendo o céu daqui do alto do prédio,
Os faróis são como o brilho de estrelas,
Quadro-a-quadro como em foto-novelas,
Flutuando ao sopro doce do vento.
Vendo o céu aqui do alto do prédio,
A saudade é como um cão sem coleira,
Mesmo que se perca ao som da matina,
Mesmo que se encontre no pensamento…

 

Pra te sentir: olhos, ouvidos e luz,
Línguas e mãos, cílios e unhas dos pés,
Pra te prender: braços e quartos de hotéis,
Até nublar céus azuis.

 

Pra te dizer: cada poema que fiz,
Pra te lembrar o que a saudade me faz.
Pra descobrir tudo que sempre se quis,
Depois que é tarde demais pra voltar…

 

Voz e guitarras: Juliano Holanda
Baixo: Areia
Bateria e percussão: Tom Rocha

Letra

2. Plano Sequencia
Tomaz Alves / Juliano Holanda  

Vento parado

Vento parado
Não sustenta o pássaro.
Nem tira o galho pra dançar.
Não olha pra folha nem leva notícia.
Não circula na sala, nem carrega a fala pro ouvido.
 

Vento sem vela que a noite singela repete o arpejo,
É nuvem de vidro daquela janela que vejo
Sem ter quem a leve, desenha sem tinta na areia
Depressa, uma breve fogueira a queimar e queimar.
Ar rarefeito de um jeito sem jeito que nada respira,
Congela em resina, que nem fosse pedra e declina,
Estátua de praça no embaço da fotografia
Seria o que não mas seria no avesso do olhar.

 

Voz e viola de 10: Juliano Holanda
Baixo acústico: Areia
Bateria: Tom Rocha

Letra

3. Vento Parado
Juliano Holanda  

Ser leve

Ser leve, feito um grão de areia ou semente,
Simplesmente, quando o chão estiver aberto.

 

Ser sirene e ser silêncio,
Alto, calmo, vasto e quieto.
Sendo sábio o suficiente
Pra saber ser nuvem de cimento
Quando o céu for de concreto./
 

Voz e guitarras: Juliano Holanda
Baixo: Areia
Bateria e percussão: Tom Rocha

Letra

4. Ser Leve
Juliano Holanda  

5. Sem Tempo
Juliano Holanda  

Vasta rede

Um arco-íris tristonho,
Uma parede vazia,
Uma estrada vadia,
E um olhar desolado.
Um barco mal-assombrado,
Uma flor despetalada,
E um relógio quebrado.

 

Um vazio ou dois e o dó de peito,
Um dor sem jeito e um vaso apenas,
Umas três novenas pra seguir no encalço,
Cada cadafalso, uma seta vesga,
O visgo da lesma desenhando na parede,
A silhueta exata de uma grande cidade…

 

Uma corrente maluca,
Uma estrela apagada,
E uma pedra encantada,
Um carretel enrolado,
Um grito despedaçado,
E uma dor sem emenda
A cada ponto que é dado
Em cada nó dessa renda.

 

Mais um grão de arroz e o nó desfeito,
Pra dormir no leito, pra girar antenas,
Muito além das trenas, pra seguir no encalço,
Meu retrato falso, um zunir de vespa,
Solidão é a mesma nessa vasta rede
Que se arma e salta sobre a grande cidade…

 

Voz e guitarras: Juliano Holanda
Voz: Mery Lemos
Baixo: Areia
Bateria e percussão: Tom Rocha

Letra

6. Vasta Rede
Júlio Holanda / Juliano Holanda  

7. Vertigens
Juliano Holanda  

No sinais

Equilibrando-se
Nos ares:
Malabares
Com vinte dedos em cada mão.
 

Em cada passo:
Um cadafalso.
Vai ao chão,
Retira cartas da manga
 

Com brilho de pura missanga,
Procura o que não perdeu.
No alumínio dos cigarros,
É cinza de nuvem no céu,
 

Refletindo fácil
Seu sorriso
Tímido e invertido.
 

Voz, guitarras, ruídos e chimbal: Juliano Holanda

Letra

8. Nos Sinais
Juliano Holanda  

A espera

“Havia um século na ponta do lápis,
Não na que escreve…
Na que segura borrachas!”

 

Vivo como quem vive a sua espera
Sem necessariamente viver como quem vive a sua espera só.

 

Ás vezes, muito raramente, eu entro num supermercado
Tem dias que chove um bocado,
Tem dias que eu passo calado, assim…

 

Vivo como quem vive a sua espera
Sem necessariamente viver como quem vive a sua espera só.

 

Tem dias em que não me acho,
Uns dias eu vou ao teatro
Ou faço uma espécie de teatro dentro de mim.
Tem dias em que eu nem me vejo,
Acordo e saio tão apressado
Quem nem mesmo a minha sombra sabe me seguir

 

E até minha alma fica na cama, deitada,
Sem perceber que eu saí.

 

Voz, viola de 10 e viola com e-bow: Juliano Holanda
Voz: Mery Lemos

Letra

9. A Espera
Juliano Holanda  

Os Sinos

Ouço os sons dos sinos
Da matriz.
Ouço os sons dos sinos
Da Misericórdia
Aonde eu vou.
Aonde eu vou?
Onde tudo começou:
O quadro lá no alto da escadaria
Era um vaso de flores
(que eu nem me lembro bem se estavam secas)
Sobre uma toalha vermelha.

 

Voz e guitarras: Juliano Holanda
Baixo acústico: Areia
Bateria: Tom Rocha

Letra

10. Os Sinos
Juliano Holanda  

Dimensão

A rua é tão estreita que eu me sinto largo.
O céu é tão alto que eu me sinto pequeno.
A natureza é tão rica que eu me sinto pobre.

 

O sol é tão claro que eu me sinto noite.
O mar, tão profundo que eu me sinto raso.
O amor é tão doce que eu me sinto azedo.

 

E a paz é tão calma que eu me sinto alma.
 

Voz e vguitarras: Juliano Holanda
Baixo acústico: Areia
Bateria e percussão: Tom Rocha

Letra

11. Dimensão
Júlio Holanda / Juliano Holanda  

Feriado

Em meu sonho:
Um dia
Feriado nacional,
Uma rima longa,
Uma ideia,
Meio-dia.

 

Em meu sonho:
Um sol
Um tempo longe,
Um anzol.
Ando só de bicicleta.

 

Em meu sonho:
Vento,
Sol no rosto.
Só me resta aproveitar.

 

Voz e vguitarras: Juliano Holanda

Letra

12. Feriado
Publius / Juliano Holanda  

 

 
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